quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O EXECUTIVO, O POLICIAL E O TRAVESTI

     `As  vezes gostava de trabalhar no período da tarde. Era mais movimentado e as coisas aconteciam. Num desses dias, quase no final da tarde, um executivo(pelo menos parecia), muito bem apessoado, exalando um perfume que deve ter custado todo o meu salário, chegou num Civic prata e pediu uma suíte presidencial. Deduzi que era um alto executivo, pela quantidade de pastas que levava e pela camisa e paletó pendurados na janela do carro.
     Disse que só ficaria algumas horas e que estava esperando a sua namorada que chegaria logo. Até aí, tudo tranquilo.Encaminhei o pedido das bebidas whiski com gelo e o de uma tábua de frios. Chic! De repente, um Punto vermelho para na garagem. Muito bem maquiada, bonita mesmo, a mulher se identifica e me avisa que está sendo esperada.Liberei . 
     Duas horas depois, o cliente do 38 paga e vai embora. Acreditei que sua namorada viesse logo atrás, mas me enganei. Ela estacionou mais acima e saiu do carro com ares de "prima dona" ofendida e veio conversar comigo. Foi somente quando ela abriu a boca para falar, que vi o meu engano. Ela, na verdade, era ele. Mas de uma beleza que me deixou de queixo caído. Usava uma micro saia e saltos altíssimos. E reclamava que uma  luminária tinha acabado de cair no capô do seu lindo carro vermelho, zerado e que ela ainda estava pagando. A tinta vermelha tinha saído, coisa de meio dedo e ela queria pintar todo o capô.
     Imediatamente liguei pro gerente e ouvi as clássicas palavras: resolva, chame a polícia se precisar. Putz! Que raiva! A morena de longos cabelos pretos estava nos cascos. Queria o gerente. Como ele não apareceu, chamou a PM para fazer um Boletim .
     O motel era conhecido da polícia da área. De vez em quando acontecia uns B.Os,  esquisitos. E ela/ele não parava de falar, esbravejar. Os policiais logo chegaram. Enquanto um deles conversava comigo, o outro foi registrar a ocorrência. E logo se notou que a simpatia foi mútua.
     Nunca uma ocorrência foi tão detalhada.(kkkkkkkkkkk). Enquanto isso, o outro policial não parava de zoar o companheiro. Realmente, o policial estava literalmente babando por Raika. Ninguém viu a troca de papeizinhos com telefones, mas o companheiro zombador fez questão de alardear o fato.
     Não sei se ela/ele conseguiu consertar seu carro, mas sei que voltou depois e, advinha com quem? É, ele mesmo!!! Ela ainda ligou algumas vezes, mas aí já é outra história.
    

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

ELES SÓ QUERIAM DORMIR!

     Meu turno de trabalho começava às 22 horas. Durante alguns dias da semana não tínhamos segurança. Então era Deus e  três mulheres. No mínimo assustador, uma vez que uma das funcionárias costumava dizer que Deus não frequentava motel.! kkk  Mas ela estava enganada. Muitas vezes a mão dele esteve ali, perceptível.
   Nesse dia, era um domingo, lembro-me bem, enquanto as camareiras descansavam, eu assistia televisão. Era madrugada, o movimento  era nenhum. De repente, o sensor anuncia a chegada de um veículo. Fui olhar  era uma Hilux prata. Fiquei atenta. Com um carro daqueles, naquele motel que não era cinco estrelas, não me cheirou bem. O motorista, de bermuda, muito à vontade e muito falante, pediu cinco quartos comuns. Gelei! Um deles estava com a perna no console do carro, e pude ver uma imensa tatuagem. Pensei com meus botões, e agora?
     Não pensei muito! Meu instinto de preservação falou mais alto. Muito gentilmente pedi desculpas, alegando que o motel estava lotado. os cinco ainda tentaram três, dois quartos, mas mantive-me irredutível. Indiquei outro motel e eles foram embora. E eu respirei aliviada, afinal achava que tinha me livrado, no mínimo de ser assaltada. Mas tarde, recebi apoio das camareiras, talvez mais medrosas do que eu.
     No dia seguinte, estava de folga e fiquei em casa sapeando  em frente à TV. Em um dos canais, qual não foi minha surpresa quando reconheci o motorista da camionete, junto com muitos outros . Estava de terno e gravata, mas era fácil de reconhecer. Era uma turma de pastores de uma denominação evangélica, que tinham vindo de cidades vizinhas participar de uma reunião com seu líder. Eles realmente só queriam dormir. O medo me fez  recear que fosse assaltantes. 

CONFISSÕES DE UMA RECEPCIONISTA DE MOTEL.

     Havia decidido a deixar este blog desaparecer .Mas, de repente, decidi o contrário. Vamos mudar, aos poucos, sua imagem. Antes, procurava fazer um blog sério, jornalístico, crítico, até. Mas decidi fazer diferente. Como hoje, sou diferente!
     Sempre fui apaixonada pela arte de escrever. Passava para o papel, em uma máquina de escrever daquelas bem antigas, verde(rsrsrsrsr), tudo o que via e vivia. Essa paixão me levou aos jornais diários onde, com grandes profissionais aprendi a ser uma repórter, com muita honra. Mas, o destino me levou por caminhos que não foram tão jornalísticos e me decepcionei com o jornalismo que é praticado nos dias de hoje. E tentei fazer carreira de outra maneira. E em uma dessas procuras, acabei sendo recepcionista de um motel em uma cidade do interior de São Paulo.
     Primeiramente, a vida de um funcionário de motel pode ser tudo, menos entediante. As experiências são as mais loucas possíveis, não só com os clientes, mas entre os funcionários, mesmo.
     Nunca presenciei assaltos, mas consegui evitar a ação de alguns bandidos. Alguns colegas não tiveram tanta sorte. Levaram chutes, socos e foram duramente humilhados pelos bandidos. É que a segurança nesse setor, é bem precária. às vezes quem deveria proteger, ajuda a sacanear. Mas aí é outro assunto, para mais histórias. Pois é, decidi contar, todos os dias, uma história diferente vivida em um motel. Lógico que alguns nomes serão fictícios. Mas as histórias, podem ter certeza, são todas verdadeiras. Quem quiser conhecer a histórias, faça-nos uma visita no "A Vida do Zôto"